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sábado, 30 de junho de 2012

Agora aqui sozinho













Agora aqui sozinho!
Penso no que construí.
Penso no quanto gostava,
de viver e ser rapazinho.
Reflicto sobre o que destruí...
Sobre o que vivi e adorava.

Penso sobre sonhos que tive!
Pelos quais não, lutei.
Entre outros que que desisti.
Culpo-me por resultados que obtive,
absolvo-me pelos que chorei.
Congratulo-me pelos que insisti.

Agora aqui sozinho...
Recordo o que vivi.
Sem esperar lembrar.
Recordo todo o carinho,
que não tive e o que sofri.
Recordo histórias de embalar.

Recordo uma vida que sonhei.
Idealizo uma familia que abandonei.
Embora, um abandono perdoado.
Não esqueço quem amo e amei.
Agora aqui sozinho, lembrei,
o quanto fui enxovalhado!

Meu vicío...






Estou viciado na poesia!
Que grita rimas.
Dependente de versos,
que a prosa acaricia.
Com palavras que sublinhas,
por vezes em tons perversos.

Viciado, em ti!
Idioma que me atacas.
Que me fazes escrever,
sem pensar no que vivi.
Vivendo com ressacas,
de palavras por dizer.

Minha droga, meu vicio.
Quando injecto tinta,
na caneta para escrever.
Entro num mundo pacifico,
onde a realidade me finta,
com ideias por compreender..

Minha companheira















A solidão, é minha companheira.
Com ela, saio de mão-dada.
Juntos, seguimos a travessia,
pelos caminhos da vida traçada.

Lado a lado, com ela, caminho!
Os dois, corremos as aventuras.
Que já não sei viver sozinho.
Com ela,vivo sem formosura!

Aprendi a caminhar só!
Aprendi a viver comigo.
Esquecendo aquilo que tenho dó,
não lembrando o que sigo.

Fiz da solidão, minha amiga!
Da saudade, minha certeza.
Dela fiz porto que me abriga,
com amarras presas com clareza.

Jardim de flores secas

















Tenho um jardim de flores secas.
Que insistem brotar.
Como livros de bibliotecas,
que se acumulam por arrumar.

Esse jardim, de flores secas!
Que rego com meus olhos a chorar.
Faz-me perder as sonecas,
do Verão por chegar.

Nesse jardim, que já não rego.
Embora os canteiros das recordações,
brotem polens que carrego.
O sol, não seca as emoções.

Emoções que são ervas daninhas!
Recordações que são feno seco.
Ervas essas, que não escondem as minhas,
palavras, o meu grito ou eco.

A noite é longa!














A noite é longa!
O sono partiu, na manhã...
A lua alta que a prolonga,
faz dela meu divã.

No luar que vai alto!
Encosto a almofada da imaginação,
deito o pensamento que me assalta.
Que insiste e rouba a explicação.

Não sei explicar ou imaginar!
Porque o sono partiu.
Sei sim, que não devo encostar,
a cabeça num mundo que ruíu.

Encostar, adormecer ou esquecer.
Qual a melhor solução?
Para ultrapassar o amanhecer,
que foge com precisão?

Com precisão, roubo horas!
Ao relógio que corre sem parar.
Com horas e demoras,
encontro o sono que tarda chegar.

domingo, 24 de junho de 2012

Não, não digas nada!














Não, não digas nada!
Cala-te e esconde em ti,
a revolta que te apaga.
Não demonstres o que sentes por mim.

Guarda para ti esse olhar.
Que me fere e mata.
Sê egoísta sem falhar.
Reserva para ti essa sonata.

Sonata que cantas irada,
cheia de certezas erradas.
Conjugação de verbos fiada,
que transmitem dores de facadas.

Não, não digas nada.
Deixa que minhas palavras,
te toquem na alma enfeitiçada.
Deixa que a voz com que lavras.

Salte e cante entre sílabas,
que soltas descuidada.
Deixa que histórias ilibadas,
te contem a versão acabada.

Sentir






Sabe tão bem sentir,!
Sentir o vento, o sol e o calor.
Sentir a frescura a emergir,
da manhã com seu esplendor.

Sabe tão bem sentir!
A vida e todos os sentimentos,
que esta tem para atribuir.
Nesta passagem de acontecimentos.

Sabe tão bem sentir!
Os aromas das flores.
Sentir a angústia a partir.
Sentir todos os seus amores.

Quero viver e sentir.
Tudo de bom que existe.
Nesta vida quero curtir,
o que a vida me assiste.
 

 

A janela defronte à minha















Numa janela defronte à minha!
Há gente que ali mora!
Gente que segue, à linha,
a vida que chora.

Talvez, também nessa janela!
Existam pessoas felizes.
Que continuam a acreditar, naquela,
máxima de viver, sem deslizes.

Nessa mesma casa defronte,
poderá haver tristeza e saudade.
Porém não sei o que encontre,
para além dessa janela, de cidade.


Se fosse uma janela do campo.
Estaria aberta, sem medos.
Estaria aberta, ao encanto.
Estaria aberta sem enredos!

A janela defronte à minha,
poderá esconder um mundo.
Pois, ninguém adivinha,
o quanto esta tem de profundo.


Crianças vestidas de mulher!













São jovens e belas,
com corpos esculpidos.
Como traços em telas.
Que desenham seres despidos.

São jovens, belas e bonitas!
Seus cabelos encaracolados,
desenham formas infinitas.
Com gestos desalinhados.

São jovens, belas e puras!
Apresentam olhares doces e inocentes.
Seus olhos desejam aventuras.
Por vezes inconsequentes.

São jovens, belas e meigas.
Outras jovens, belas e revoltadas.
Muitas inteligentes e outras leigas.
Muitas ainda são crianças apressadas.

domingo, 17 de junho de 2012

Gestos e Pensamentos














Por entre sombras e sons,
de pássaros que voam.
Por entre cores e tons,
que pintam e encantam.

Por entre gritos e melodias,
do vento que sopra.
Por entre letras e alegorias,
que escrevem a música que toca.

Por entre olhares e gestos,
das pessoas que passam.
Com seus sorrisos pouco honestos,
vou estudando aqueles que passam.

Por entre frases e parágrafos,
letras e palavras.
Vou deixando, autógrafos,
nesta selva que desbravas.

Um dia sonhei!




Um dia acreditei,
que podia voar.
Um dia sonhei,
que podia amar.

Um dia sorri,
quando te vi chegar.
Um dia morri,
por te poder abraçar.

Já acreditei, voei,
sonhei, por te amar.
Já te abracei e beijei,
já me fizeste chorar.

Um dia acreditei,
que me complementavas.
Um dia sonhei,
que me amavas.

Um dia sorri,
quando te acariciei.
Um dia morri,
quando te abandonei.

Já acreditei e sorri,
que minha voz te deliciava.
Quando por ti,
meu coração declamava.

Um dia acordei
e percebi que sonhava.
Hoje sei,
que me enganava.


Arvore















Sou alta, grande e velha...
Tenho folhas e troncos.
Na terra, as raízes...
Que me alimentam,
saciando por entre encontros,
de terra e água a minha sede.

Sou forte e protejo
com minhas folhas, da chuva
e do sol, as aves...
Que voam em tons,
de brincadeira, sem guarda-chuva,
desenhando gestos suaves.

Na minha sombra...
Crianças brincam...
Os poetas escrevem seus poemas.
As famílias descansam,
recuperando para novos temas.

Sou bela e viçosa,
sou flor e fruto.
Sou árvore sem dor.
Sou o esconderijo da raposa,
que foge do homem bruto,
sem escrúpulos ou rancor.

Jardim da Gulbenkian















Nestes recantos que escondem,
o reboliço da cidade.
Onde as crianças brincam e correm!
Onde os pássaros cantam com felicidade.

Nestes recantos, onde casais enamorados,
trocam beijos e fantasias.
Sonhando empenhados.
Sonhos cheios de alegrias.

Sonhos que vivem acordados,
sonhos que pintam os jardins.
Com tons verdes aveludados,
que fazem dos canteiros, motins.

Com flores coloridas e viçosas,
que alimentam as abelhas.
Com suas cores deliciosas,
que alternam entre  as amarelas e as vermelhas.

Nestes recantos que escondem,
o sol quente e as nuvens que voam.
Vou escrevendo rimas que ocorrem,
dos pensamentos que das flores saltam.