Gostarei eu da minha sombra,
sentirei eu aquele amor,
pelo meu próprio eu.
Será medo do passado que me assombra,
este pensamento de rancor.
Por uma infância sem apogeu.
Recordo a infância,
de um ser que não gosto.
Sinto mágoa do passado,
vivido sem carinho e com arrogância.
No amor por mim, não aposto,
dele tudo que guardo é fracassado.
Será sombra, será gente?
Serei eu noutra vida,
ou serei eu num estado demente.
Infância sem luz, sem brilho.
Sem alegria e com desprezo,
lamentando existir.
Da qual raras vezes me senti filho.
Onde hoje me possa sentir preso,
antes de sair ou partir.
Como sol que desperta,
atrás das nuvens escuras.
Como chuva que cai e não molha.
Assim parto á descoberta,
de vida nova com alegrias futuras.
Dizendo apenas adeus numa folha.
Será sombra, será gente?
Serei eu noutra vida,
ou serei eu num estado demente.
Folha do Outono que seca,
com raios de sol que se foram.
Andorinha que parte no Verão.
Livro ou história de biblioteca.
Gotas de orvalho que evaporam,
nesta vida que relato de sofri-dão
.
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