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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Natal

Lá fora as temperaturas,
desceram, baixaram e arrefeceram.
O Natal já espreita com as farturas.
O Menino já espera animais que o aqueceram.

Aproximam-se tempos de solidariedade,
tempos de juntar as famílias.
Tempos para uns de felicidade,
para outros de regalias.

Há também aqueles que vivem,
na solidão de um gesto.
Que com pouco sobrevivem,
que um sorriso basta para seu manifesto.

Inverno
















Quero andar pela rua,
seguir os raios de sol.
O frio congela a alma nua,
que se veste de rouxinol.

O frio, a chuva e a geada,
todos eles elementos,
deste inverno sem piada,
que chegou sem fundamentos.

Acedem-se as lareiras.
As chaminés começam a fumar.
Nos campos brancos as fogueiras,
aquecem águas por congelar.

Os outrora campos verdejantes,
vestem-se com roupas brancas.
As folhas alinham como viajantes,
esperando novas lembranças.

As aves, essas partiram.
Com elas o sol também.
Restam-nos pássaros que admiram,
este tempo que lhe convém.

Falo-vos do Inverno.
Relato factos de uma estação,
que para uns é um inferno.
Mas para outros uma sensação.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Melodias

Tento esquecer momentos,
para recordar dias.
Tento deixar tormentos,
para ouvir melodias.

Melodias de uma existência,
vivida com intensidade,
e mesmo frequência.
De alegrias e adversidades.

Como ponte que voa,
sobre o rio parado.
Como voz que entoa,
no encanto do campo arado.

Pássaros que planeiam,
nesses campos arados.
Seguem destinos que bombardeiam,
com sementes seus prados.

Prados, onde semeiam,
futuros ou destinos,
de vidas que incendeiam,
lugares clandestinos.

Grito

























Procuro caminhos de saída,
desta vida que me percorre.
Sigo trilhos de história prosseguida,
sem fim que me ocorre.

Lamento decisões decididas,
que já antes devia,
ter dado como assumidas.
Nesta história de fantasia.

Olho para trás, que vejo?
Vejo ondas que não agarrei.
Vejo brisas que não beijo,
ou que antes não surfei.

Vidas,  amores ou profissões,
estas que não vivi.
Neste conto de ilusões,
pelo qual sofri.

Quero agarrar as estrelas,
agarrar as nuvens.
Ou mesmo sentir e tê-las,
nestas quadras de ferrugens.

Olho os pássaros que cantam,
observo as brisas que gritam.
Apelo as nuvens que encantam,
ou as azeitonas que britam.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Retrato

Menina de olhos de ouro.
Tela pintada de aguarela.
Paixão e meu tesouro,
essa tua figura cinzela.

Como gota de orvalho,
que escorre pela folha
verde matinal sem atalho.
Meu coração chora sem rolha.

Chora pela felicidade.
Ri pela tristeza.
Grita pela ambiguidade,
de sentimentos sem frieza.

Estarei triste ou contente,
por estar neste estado?
O qual pareço demente,
ou mesmo dormindo acordado.

Quero agarrar o teu mundo.
Quero pintar teu retrato,
nesta tela sem fundo.
Quero teu nome neste contrato.

Contrato que fiz com teu
ser, tua pose e teu aroma.
Quero decidir meu
destino, ou o rumo que  a vida toma.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Fado

Canto o fado,
rimo letras com pêtas.
Sofro a dor do encanto.
Grito a dor de lado.
Suspiro músicas e letras,
desta vida que canto.

Viajo nas memórias
das alegrias.
Divago nas histórias,
desta vida de fantasias.
Guardo letras de profecias,
choro músicas retóricas,
desta vida de historiografias.

O fado canta tristezas.
Os versos falam de dor.
As rimas cantam vidas.
Os acordes tocam certezas,
de vidas de amor.
Com chegadas e partidas.

Grito, canto e choro,
músicas sofridas.
Músicas que as guitarras,
cantam em coro.
Melodias de feridas,
não saradas nestas farras.

Chave do Meu Baú

Recordo na minha mente,
cada traço do teu corpo,
cada curva, cada sinal.
Meu coração já não sente,
a luz desse anti-corpo,
que fez de ti principal.

As ondas do mar salgado,
há muito apagaram,
as pegadas por ti deixadas.
As brisas levaram deste morgado,
as sementes que secaram.
Hoje cultivo memórias apaixonadas.

Sei e reconheço teus olhares.
Guardo teu sorriso,
tuas palavras.
Delas faço familiares.
No meu baú fechado e preciso,
guardo tuas gargalhadas.

Não te guardo rancor.
Hoje faço de ti o sol,
numa manhã cinzenta.
Agradeço sem pavor,
tudo aquilo que fizeste em prol,
desta minha vida avarenta.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Tu Partiste





















Nesta tarde fria,
recordo momentos tristes.
Dias de um passado por esquecer.
Nesse passado ouve também folia,
tendo mesmo alegria até que partiste.
Sem nada explicar ou dizer.

Feriste com um fundo golpe,
aquele coração que te amava.
Bateste a porta com rapidez,
com força de cavalo a galope.
Sem explicar aquilo que te intrigava,
sem exprimir sentimentos em fluidez.

Esqueceste ou nem quiseste,
saber quanto me destroçavas.
Foste egoísta e individualista.
Por não pensar o que fizeste.
Com as palavras que antes me atacavas,
fizeste musica de violinista.

Musica que cantaste,
enquanto eu chorava,
enquanto recolhia os cacos,
deste coração que maltrataste.
Destruindo tudo o que eu adorava,
por causa de um simples acto.

Outono

Chegou o tempo do frio,
chegaram as primeiras águas.
As árvores despem-se.
As praias e o sol já não têm brio.
Nos rostos vêem-se mágoas.
As pessoas vestem-se.

As alegrias do calor,
agora tornam-se memórias.
As chuvas chegaram..
Do verão ficam histórias de amor,
momentos de alegrias e vitórias.
Agora choram olhos que não choraram.

Choram os olhos de Deus,
para nos trazer as chuvas.
As folhas tristes caiem.
Chegam aves, outras dizem adeus...
As nuvens tornam-se turvas,
as estrelas, essas, não saem.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Lisboa
















Parti da província para a cidade.
Para trás deixei momentos,
alguns da infância e mocidade.
Outros felizes e outros de tormento.

Amigos deixei alguns...
Uns trago no peito comigo.
Outros não passaram de álbuns,
ou mesmo histórias que prossigo.

Adoptei como filha Lisboa.
Desta cidade fiz casa.
Hoje não sei se fiz boa
opção, tornar e voar nesta asa.

Lisboa menina e moça.
Cidade de luz e barulho.
Onde caminho pela poça,
rindo, chorando e canto orgulho.

À Deriva

Caminho por mares não navegados,
por ondas não rasgadas.
Onde navios naufragados,
foram esquecidos por noites apagadas.

Noites de lua e luar.
Bolinas fortes e fracas.
Noites por ouvir e escutar,
marinheiros com suas parcas.

Parcas que escondem rostos,
cara e faces.
Noites de vinhos e mostos,
com histórias de enlaces.